sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Literatura de Celular

Por estes dias, uma querida amiga, mandou-me o convite para a Mostra SESC de Artes; dentro deste uma especifica, de Literatura pelo celular; do qual inscrevi-me e há cerca de uma semana venho recebendo short-cuts, pequenos contos, em meu aparelho que alimentam meu dia-a-dia de certa poesia em tom de rima curta. Publico abaixo alguns que me surpreenderam e fizeram aspirar gotícolas do sublime em meu corriqueiro cotidiano:

"Esta tatuagem vai doer?
Só no divórcio." Reinaldo Martins

"Tocou o sax antes de puxar a corda no pescoço. No espelho, o bilhete: aqui jazz." Raimundo Carrero

"Bebeu, chorou, riu, errou, cresceu, amou,feriu, bateu, apanhou. Faria tudo de novo." Pedro Biondi

"Palavra ou mágica? Só uma opção. escolheu. Errado: Não era palavra. Mas escritor sempre opta pela palavra." Moacyr Scliar.

" O enfermeiro estava no elevador com o cadaver na maca. Acabou a luz. Ele acendeu um cigarro e ofereceu ao morto." Marcelo Rubens Paiva

"Mãe, Alice me bateu. Não liga, essa boneca é muito ignorante." Livia Garcia-Roza.

"38mm.
Estourou o céu da boca. Ele escutou a sua prece." Luciana Miranda Pennah

"50 anos
de hoje em diante só faço o que quero. É cedo para isso, disse minha mãe, que nunca se deu ao luxo." Ivana Arruda Leite.

"Amor deles água de barrela: ele gostava do Rimbaud; ela do Rambo." Evandro Affonso Ferreira

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Naranjo em Flor


Nada como recordar um bom e velho tango, que já é quase um cult; minha veia Argentina no momento pulsa pelo sempre caliente e passional "Naranjo em Flor", de 1944, do compositor Homero Expósito, sempre muito bem interpretado por Astor Piazolla e numa versão mais recente pelo grupo Bajofondo Tango Club; abaixo a delicada letra para aqueles que, como eu, gostam de bailar com cravos entre os dentes...


"Naranjo em flor"

Era mas blanda que el agua,
que el agua blanda,
era mas fresca que el rio,
naranjo en floor...

Y en esa calle de estio,
calle perdida,
dejo un pedazo de vida
y se marcho...

Primero hay que saber sufrir,
despues amar, despues partir
y al fin andar sin pensamiento...
Perfume de naranjo en flor,
promesas vanas de un amor
que se escaparon en el viento...

Despues, que importa el despues?
Toda mi vida es el ayer
que me detiene en el pasado,
eterna y vieja juventud
que me ha dejado acobardado
como un pajaro sin luz.

Que le habran hecho mis manos?
Que le habran hecho
para dejarme en el pecho
tanto dolor?

Dolor de vieja arboleda,
cancion de esquina
con un pedazo de vida,
naranjo en flor...