terça-feira, 31 de março de 2009

Hay que endurecer, pero sin perder la ternura, jámas






O filme"Che" de Steven Soderbergh me emocionou. Che, o argentino revolucionário, é retratado fielmente na pele do excelente Benício del Toro. Um dos fatores que muito salva o filme é este ser falado no espanhol e não num inglês "blockbusteriano" que a tudo e todos domina.Portanto o filme pretende-se a um realismo que consegue atingir.
Lembrei-me o tempo todo do filme de Walter Salles, o também excelente "Diários de Motocicleta",de 2004, uma espécie de road movie, que retratava o então jovem Che e suas experiências com aquilo que veio a formatá-lo enquanto o revolucionário intelectual e guerrilheiro que foi dos anos 60. O filme tratava de um Che ainda em formação, e de seu fiel amigo Alberto Granado;há um livro deste "Con el Che por America", contando a aventura desses então dois colegas universitários na travessia do continente sul-americano numa velha motocicleta Norton 500 cc, fabricada em 1939 e apelidada de La Poderosa II , numa viagem que se estendeu de Buenos Aires e Caracas.
Bom, a vida de Che sempre me fascinou, inicialmente por meu pai ser argentino e eu me recordar de minha infância sempre rodeada de livros de Che espalhados pelos sofás e estantes de casa. Meu pai sempre lia sobre aquele que foi seu ícone de adolescência e formação Antí-Peronista, dentre outros livros que iam desde temas como a Guerra da Nicarágua, as Malvinas, e a Segunda Guerra Mundial. Papai sempre foi politizado e até hoje perde-se em suas conversas que mais parecem discuros sobre palanques......
Bom, depois eu acabei tendo uma formação dita à época, de esquerda, estudei no colégio Equipe, que havia sido berço de muitos importantes formadores de opinião, quando, era, nos anos 70 um cursinho fomentador destes cérebros, por lá passaram os Titãs, Sérgio Groismann e outras figuras propositoras que sempre arriavam a bandeira de discuros e debates.
O filme de Walter Salles me fascinou, primeiro pela temática da formação da personalidade deste jovem revolucionário e também por descrever esta em forma de Road Movie, que não sei muito bem porque sempre me fascina; e ainda mais tratando-se sobre duas rodas. Este filme e "Easy Ryder" tem um 'je ne se qua' que me pegam, tavez pelo meu estilo "libertário" de boas idéias na cabeça e aquele bom e velho chavão de colocar o pé na estrada e sentir o vento batendo na cara, sensação que verdadeiramente só pode ser experienciada quando em cima de uma motocicleta (eu tenho uma scooter e posso dizer que esta experiência é mesmo deliciosa).
Não estou querendo afirmar aqui que me tornei uma comunista, claro, sei o lugar de burguesa que ocupo na sociedade...
Bom, neste filme de Sodenbergh (ele tem uma segunda parte que em breve deverá estrear nos cinemas brasileiros); temos um Che que já é pai, que já deixou sua familia e terra e embrenha-se na selva da América Latina arrematando soldados para aquilo que viria a ser a Revolução Comunista que culminou com o que hoje chamamos Cuba.
Temos na tela um Che ainda médico, que quando pode vê-se perdidos em suas leituras de Tolstói e outros grandes clássicos; ou em afogados e angustiantes ataques de asma. Muito engraçado ver o guerrilheiros que este foi, de arma empunhada no meio da selva enquanto no meio de fortes crises de asma....
Temos um Che formando,organizando e liderando o Movimento Guerrilheiro 26 de Julho, M26, o contato com Fidel e Rául Castro e sua escolha no abandono da carreira médica para a carreira de guerrilheiro de arma em punho.
Vemos um Che que queria soldados alfabetizados, pois ele já sabia que uma revolução nao é feita apenas com armas, mas com um povo inteligente e portanto incapaz de ser dominado e feito de bobo.
Provavelmente a segunda parte do filme irá nos mostrar o Che maduro após a rRvolução , espraiando os preceitos comunistas pela America Latina até seu assassinato na Bolivia, em 1967.
Eu fiquei surpresa em perceber que Che foi um dos fomentadores da idéia e certeza de que toda e qualquer mudança só pode ser feita na sociedade com a inteligência e a doação e indentificação com nossos iguais. Estas ainda são nossas verdadeiras armas.Alias, creio que são armas atemporais...
A foto de Korda que já faz parte de nosso inconsciente coletivo ainda é moderna; pois ainda invoca que a solução para o imperialismo autofágico que vivemos neste momento, ainda é a consciência do lugar que ocupamos na sociedade e erradicação da fome, das desigualdades socias e do analfabetismo. Claro que o discurso comunista não cabe mais hoje em nossa sociedade, mas alguns preceitos lançados por este sim.
Somente e, ainda apenas com um povo letrado e ciente do contexto em que se encontra podera haver mudanças. Nossa arma ainda são a nossa capacidade da conversa e do discurso
Como numa cena do filme, fica claro que Che nao estava atrás de luxo e ascensão social, pela obtenção de objetos de luxo , mas apenas pelos ideais de sua Revolução e o estabelecimento de ideais democraáicos. Ele não queria o poder, ao contrário de Fidel (talvez seja está a falácia do seu governo em que Cuba se encontra hoje...), ele queria a Revolução, a democracia e um povo digno. Como ele mesmo disse: "Prefiro morrer de pé do que viver sempre ajoelhado."
Creio que poder escrever em pleno século XXI num blog e poder ser acessada e colocar meus discurso na rede é hoje, uma arma na democratização de nosso saber e na troca deste com outros seres humanos nesta luta por uma sociedade cada vez melhor para todos nós seres humanos.

Portanto companheiros, arriba com lá revolucion!!