domingo, 7 de dezembro de 2008

Exposições




Neste final de semana mergulhei nalgumas exposições; umas muito boas e outras nem tanto.

A 28ª Bienal de SP nem vale a pena comentar...mas vamos lá: fez me sentir culpada de ser uma profissional da área das artes e perceber como deixou-se acontecer uma mostra tão frustante como esta. Impressionante. No andar térreo alguns vídeos datados de Godard e outros; que para tanto não precisavam ser exibidos sob o título de uma Bienal Internacional, mas caberiam muito bem numa mostra de filmes temáticos. Indo ao segundo andar, nos deparamos com o já 'famoso' vazio; onde tentou-se recheá-lo de todo um conteúdo falsamente conceitual, passando pela discussão da arquitetura modernista de Niemeyer, patati patatá....aí, ai, muito blá blá blá para nenhum conteúdo! Trabalhei neste espaço durante duas Bienais, em 1994, a Internacional e a outra, intitulada Bienal Brasil Século XX e garanto que não é necesásria uma Bienal, uma instituição abdicar de instalar obras no andar para estabelecerem-se questionamentos estéticos e / ou filosóficos; e vejam bem que àquela época quem era o presidente da Fundação é nosso hoje tão famoso Edemar Cid....Havia todo um peso da curadoria de Aguilar, assim como o principal: OBRAS. Foi lá que nasceu o famoso "espaço climatizado", muito presente em posteriores Bienais. Mas desta vez, a Curadoria relamente deixou a mão escapar. Num terceiro andar todas as obras se confundem numa espécie de ‘mobiliário’ em compensado de madeira que parece uniformizar tudo, mimetizando as obras e tornando-as neutras umas às outras. Salvam-se alguns vídeos(antiguésimos), de Marina Abramovic e as lindas gravuras em metal de Leya Mira Brander e um vídeo de uma artista finlandesa. É isto a Bienal. Ou melhor, foi isto, ainda bem que acabou. Mas que vergonha Einnn Dona Fundação Bienal! Podiam ter pulado esta edição e feito uma coisa direito. Porque eu como profissional da área faço bem feito ou não faço. Fico pensando nos estrangeiros que fretaram vôos e vôos para virem até aqui checar esta BIENAL...do vazio. Ficaram de queixo caído e a única coisa que lhes restou foi literalmente escorregar pelo lúdico tobogã do artista belga Carsten Höller , que leva diretamente à frustante saída da mostra! Será que uma mostra que sempre se enquadrou no no topo da agenda mundial de acontecimentos das artes plásticas merece acabar numa escorregade-la ??

Depois decidi-me por ir ao SESC Pinheiros, onde se encontra uma maravilhosa mostra do teatrólogo e multímidia Robert Wilson, mas comumente conhecido como BOB WILSON. Fantástica, recomendo. Feliz perceber o perfeito casamento da Arte com a Tecnologia ( o que também pude aferir na também excelente mostra em cartaz no Itaucultural "CINEMA SIM"). Vejam ambas!!

Na mostra de Wilson, em cartaz, até o inicio de Fevereiro, intitulada “VOOM PORTRAITS” são expostos nos 3 andares do prédio, vídeo-retratos de alta definição, um feliz encontro entre a fotografia, o filme, a literatura e a música. Portraits em televisores de altíssima definilção, onde alguns atores, tais como Brad Pitt, Isabella Rosselini e Wynona Ryder, e outras personalidades do mundo POP, tais como a artista burlesca Dita Von Tesse, posam sob precisa direção de Wilson; cada um na pele de uma ‘personagem’ e desenvolvem no deocrorrer do tempo da filmagem mínimos e sutis movimentos, gestos cuidadosamente coreografados. Fiquei de boquiaberta. Estabelece-se um delicado bate papo com os retratos de Andy Warhol, as performances do também performático Matthew Barney (marido da ótima Björk), e uma mescla de outros tantos cineastas interessantes, Tim Burton, etc. A luz é sempre uma coadjuvante dos ‘retratos’. Algumas poucas manipulações são aplicadas sobre os vídeos que são sempre lupados e com 'trilhas musicais' compostas por Peter Cerone, Michael Galasso e Glen Gould só contribuem para a melhor qualidades destas peças. Wilson, como ninguém soube combinar o movimento, a iluminação, a imagem em alta deinilção e um tema mais que clássico e recorrente da história da arte, o Retrato e, trazê-lo para uma discussão contemporânea, . E isto tudo sem perder conteúdo. Vejam!!

De lá fui ao Instituto Tomie Ohtake conferir a mostra em homenagem a José Saramago. O material traz obras inéditas, manuscritos, notas pessoais, primeiras edições, traduções, fotografias, vídeos e gravações originais que traçam a vida literária do escritor.

A mostra é intitulada “A consistência dos Sonhos”. Mas nossa, como é difícil transpor toda uma vida dedicada a literatura, à escrita , a solidão das páginas em branco e transpo-lá ao espaço expositivos de um ‘museu’. A literatura não se presta facilmente à ser ‘vista’ como um objeto museulógico. A coisa toda ficou muito didática e tediosa, sai de lá com dor na coluna de tanto que me debruçava sobre as vitrines que exibiam fotos e seus manuscristo. Saramago é um escritor maravilhoso mas, a exposição pareceu-lhe meter correntes nos pés. Excetuando-se as duas últimas salas grandes em que duas obras de um mesmo artista, articulam no espaço, fazendo projeções com palavras em cima de programas de softwares, se salvam as entrevistas em vídeos, onde podemos ver o próprio ganhador do Prêmio Nobel falando por si mesmo e não por uma enfadonha catalogação documental.

Hoje para acabar minha esbaldação de arte, fui à Pinacoteca do Estado , checar, já que era o último dia da mostra “Eliseu Visconti: Arte e Desig”, deste que foi nosso pintor que, como ninguém soube juntar a chamada Grande Arte com as Artes Decorativas do começo do século XX. A mostra era divina, exibindo os estudos preparatórios para a Boca de Cena do Teatro Municiapal do Rio de Janeiro a,ssim como seus cartazes, porcelanas, estudos de pinturas e volutas Arte Nouveau. Ele era nosso verdadeiro Klimt. Quem puder sugiro que quando forem ao RJ chequem com os próprio olhos a decoração do teto do Teatro Municipal assim como o pano de boca de cena. Viagei na mostra e sai de lá me sentindo numa Paris da Belle Époque!!

Muito bem para quem começou o final de semana escorregando por um tobogã à lá Playcenter num daqueles que já foi o local de grandes Bienais.

Deus do Céu. Ainda bem que Wilson e Visconti me salvaram!

Um comentário:

Anônimo disse...

dani querida, consegui matar um pouco da minha saudade de vc lendo seu blog....AMEI! Virei fã...ou devo dizer que continuo sua fã?!?
Bom, concordo plenamente, BOB WILSON arrasou....das que vc comentou aqui, simplesmente´foi a melhor mesmo!