quinta-feira, 15 de outubro de 2009

...E o Cinema matou Hitler


Sinto informar aos fãs de "Pulp Fiction" mas o mais recente filme de Quentin Tarantino "Bastardos Inglórios" é seu melhor filme. Fui assistir por estes dias. Tarantino faz uma fábula do já fiel e conhecido nosso 'filme de guerra'. Porém seu filme é fictício e da melhor ficção viável; não busca como nos comuns filmes deste assuntos um dado verídico e documental e não vemos judeus mortos de fome sendo açoitados em campos de concentração, nem soldados da SS ridicularizando-os.Lembrei-me do já tão criticado "A vida é Bela", também outra excelenete versão do cinema italiano (Roberto Benigni).
Pelo contrário, seu filme fala do tal desejo de vingança que muitos de nós ( e eu posso dizer que sinto isso na pele como uma judia), desejaríamos fazer: acabar com Hitler e seus fiés escudeiros. A obra coloca um bando de americanos caipiras judeus que querem vingar-se da maior quantidade possivel de nazistas executando-os e retirando seus escalpos....claro, tem muito sangue e violência,como todo filme de Tarantino, mas aqui a violência não é gratuita nem esguicha sangue como em "kill Bill" ou "Pulp". Brad Pitt esta ótimo enquanto o líder destes americanos caipiras, que tais como jogadores de baseball matam os nazistas a pancadas ( há aqui uma ridicularização também do americano médio- aquele super -herói comedor de todas as mocinhas dos chamados filmes hollywwodianos do mainstream). Pitt é um soldado idiota, burro até. A ação acaba se centrando na personagem da francesa Shosanna Dreyfuss (Mélanie Laurent), uma judia fugitiva e sobrevivente que também busca vingança. Como em todo filme básico de Tarantino são sempre várias historietas que se desenvolvem simultaneamente e acabam se juntando em determincada hora confluindo num final apocalíptico- , mas o que me agradou é que o grande astro do filme, no caso, Pitt, é um soldado boçal e anti- heróico e o filme se centra em atuações explêndidas de atores pouco conhecidos do público brasileiro p , tais como o coronel Hans Landa (Chrisoph Waltz), excelente ator .
O que agrada é que o filme tem 'punch', a trama é boa, são quase duas horas e meia que passam voando; o enredo ótimo, os atores excelentes. Hitler é ótimamente interpretado também e ridicularizado tendo a cena em que primeiro aparece posando para um artista que faz um mural seu.
Mas o que mais me deliciou foi o fato de a ação principal do filme se desenrolar num cinema , de os alemães serem literalmente lá exterminados; o filme é cheio de citações cinematográficas, um ator que vive ali Emil Jennings (aquele que interpretou o famoso professor alemão que se apaixona pela prostituta Lola vivida por Marlene Dietrich em "Anjo Azul", que se não me engano é de 1919); a atriz/espiã alemã que performa uma não tão distante Mata Hari; e o melhor de tudo é saber que em se tratando de Arte tudo pode ser feito e por ela podemos nos 'vingar' das matanças históricas, purgando-as. Hiteler é morto literalmente no e pelo cinema; e Tarantino faz sua obra máxima,metaliguística, em que nós como espectadores sedentos de vingança somos também encurralados em seu cinema pra ver este ato de 'sacrificio e oferenda". O cinema engole e aniquila os nazistas.
Sua vingança é alegre e libertadora, saimos do cinema nos sentindo leves através das mãos de 'indios -apaches" retirados de um bang -bang folhetinhesco que se passa na Alemanha da Segunda Guerra.É muito bom descobrir que a Grande Arte não precisa apenas nos falar de amores impossíveis, das felicidades alcançáveis da vida mas também da Vingança. A vingança, neste caso,vem pelo cinema, e como alguém ja disse um dia, somente a Arte nos liberta.

Bravo Tarantino!!

Um comentário:

Anônimo disse...

....e eu aqui, louco pra ver isso. Aceita uma segunda assistida?! haha