segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Veneza, novamente


Acabei de ler o romance "A Morte em Veneza".
Há pouco fiz aqui um texto sobre o filme de Luchino Visconti, de mesmo título.
O filme não perde para o livro e vice-versa. É raro isto acontecer; lembro-me assim rapidamente da adaptação cinematográfica do também excelente "O Nome da Rosa" de Umberto Eco.
As palavras de Thomas Mann tomam formas corpóreas no filme de Visconti. As roupas são aquelas mesmas vistas no filme,o cenário é aquele, os sentimentos são aqueles, o arrebatamento do belo é aquele de Visconti. Bom, sou suspeita, pois Visconti é um de meus preferidos; e agora, Mann também o é.
Suas palavras deslizam em paisagens que são as de Visconti. Aschenbach vai a Veneza sedento para a distância,com saudade para a distância e para a novidade. Ele quer isolar-se do mundo civilizado, do trabalho e da rotina. Mas não esperava enamorar-se pelo belo; vai em busca da solidão
Aschenbach morre contamplando o belo. Quem pode querer mais do que isso? Deitado num fim de tarde, observando a praia calma, o suave ronronar das ondas no mar,num por de sol, envenenar-se e esvair-se na contemplação do sublime e inalcansável.

Agora vou-me dedicar a outro Mann, "A Montanha Mágica". Tantas vezes começado e nunca adiante. Espero surpreender-me novamente.

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