segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Los Dardenne



Algo de novo desponta no novo cinema Belga.

Vi neste final de semana o excelente filme
“O Silêncio de Lorna” , de Luc Dardenne e Jean-Pierre Dardenne, ou mais comumente conhecidos como os irmãos Dardenne. Creio que estes ficarão na história como os também ótimos irmãos Tavianni e os Cohen.

Lorna (Arta Dobroshi), deseja se tornar sócia em uma lanchonete, juntamente com seu namorado belga. Para tanto ela aceita se casar com Claudy (Jérémie Renier), apenas para assim adquirir a nacionalidade belga. Após algum tempo ela é obrigada a mais uma vez se casar, desta vez com um mafioso russo, para obter sua cidadania. Só que, para que este novo casamento seja possível, Lorna precisa antes matar Claudy.

Ano passado vi da mesma dupla “A criança”.

Ambos filmes estão inseridos no debate dos novos paradigmas urbano-sociais. Tratam das relações humanas, do urbano, das novas tragédias sociais: imigração, aborto, paternidade,tráfico de crianças, vistos,e o dinheiro, sempre o dinheiro!
Infatigável preocupação do ser humano de ter uma identidade, uma nacionalidade. Neste que vi ontem, a questão dos chamados “green cards”, a obtenção da nacionalidade, em questão, a belga. Lorna é aquela que busca e alcança esta nacionalidade e também serve como moeda de troca para outros a obterem. As línguas faladas no filme anternam-se entre o francês (belga) e o albanês. Muito bom ver produções em que o inglês não é mais a língua central. O novo e inteligente filme trata dos cidadãos da Europa central e sua busca incansável de obter direitos igualitários para tornarem-se cidadãos de outros países.
Talvez este seja um tema central a ser tratado pelos governantes atuais, entre eles,Obama, visto que ele, em sua condição negra e de ‘linhagem’ africana deve ter tido pais que passaram pelos mesmos ‘entraves’ imigratórios....
Estes seres humanos querem poder ter o direito a tornarem-se cidadãos europeus. Fugir de seus países dilacerados pelas guerras civis.

No outro excelente filme da mesma dupla, que tive a oportunidad de ver ano passado no Cinesesc, o mesmo ator loiro, também presente em “Lorna’ como o marido junkie, era o pai de um bebê, e via-se metido na venda e tráfico de crianças Lá o bebe era O estorvo, a morte,e aqui, em Lorna, este a ‘salva’ . Lorna salva-se pela sua ‘gravidez’. salva-se por descobrir algum vinculo no mundo cão em que vive; onde as pessoas são sempre peças de um jogo de "War" e usadas como utensílios descartáveis.

Os Dardenne conseguem criar como ninguém um diálogo contemporâneoa entre seus filmes; estando sempre na linha de ponto das questões pulsantes do nosso louco e descriminatório mundinho cão. Este ganhou o prêmio em Cannes pelo seu excelente roteiro.
Arta,a iniciante atriz albansesa, é ótima, seus traços em muito me lembraram uma jovem Isabelle Adjani. O filme tem ‘punch’, a montagem é dinâmica e pulsante e nos deixa cativos desta frenética história.

Recomendo também o excelente
"A Criança", de 2005, em que Sonia (Débora François) é uma jovem de 18 anos, que acabou de dar à luz a um menino. Bruno (Jérémie Renier), o pai, com 20 anos de idade vive de pequenos roubos cometidos por ele e seus comparsas adolescentes. Os dois vêem de maneira bem diferente o significado da chegada desta criança, sendo que os atos de Bruno em relação ao filho colocarão o casal diante de sérios dilemas sobre suas existências.
Foi o ganhados da palma de ouro de canes neste mesmo ano

Há ainda o primeiro filme da dupla, que ainda não vi, mas que também deve seguir a ótima linhagem, chama-se
"Rosetta", de 1999.
Vou á caça na videolocadora....e viva a Bélgica!

Nenhum comentário: