sexta-feira, 11 de julho de 2008

Encontro com o Tempo Perdido


Acabei de ler, por estes dias, o primeiro volume, de um total de sete, da clássica obra de Marcel Proust, "Em Busca do Tempo Perdido", ( Em busca de Swan-volume 1- tradução de Mario Quintana- editora Globo); coloquei-me este delicioso desafio , de ler esta obra completa composta de quase 4.000 páginas nesta altura de meus balzaquianos anos. E, recomendo, é sublime sua escrita, uma constante oscilação entre o sonho, o delírio e interantíssimas relações entre o tempo do acontecer das coisas e o de seu recordar; uma apologia à descrição delicada e rica das maneiras, das pessoas, das paisagens. Proust nos diz que cada ser humano ocupa um papel mínimo no espaço e no tempo mas, mesmo assim, estamos no topo de um prédio de memórias pessoais e coletivas que nos torna gigantes; portanto toda e qualquer experiência de vida torna-se, à sua vista, riquíssima e merecedora de ser narrada. Como ele mesmo diz " Os lugares que conhecemos não pertencem tampouco ao mundo do espaço, onde os situamos para maior facilidade.... a recordação de certa imagem não é senão a saudade de certo instante; e as casas, os caminhos, a avenidas são fugitivos, infelizmente, como os anos."
Para mim que trabalho com artes plásticas, achei valiosissima esta colocação sobre o tempo e espaço, estes são apenas abstrações, parâmentos criados pela sociedade, mas, precisamente as coisas apenas acontecem no tempo e espaço de nossas mentes e apenas em nossas memórias vivem, vive-las no real é especializar estas , tornando-as dimensionáveis e palpáveis. Proust como um completo escritor que foi compartilha conosco suas riquíssimas memórias pessoais e coletivas

Bom, agora vou comprar o segundo volume, pois a viagem em busca do tempo perdido não pode parar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Dani, que lindas observações!!! Eu AMO Proust e sempre achei que a sua maneira de escrever me lembrava a dele... Um entrelaçamento de idéias, como num sonho... Ele parece até que estava prevendo alguns assuntos de física quântica, não é? Beijo, Re