Estava lendo o bom artigo de Contardo Calligaris, publicado ontem na Folha de SP, intitulado "A turba do pega e lincha", e não pude ficar indiferente.Mandei um comentário ao Contardo e aqui o publico. Recomendo a leitura deste artigo no link aqui publicado para posterior leitura de meu texto.
Pois é Calligaris, as pessoas do ‘pega e lincha’ na verdade purgam suas culpas exibindo-se na mídia que joga à todos nós neste turbilhão catártico. Sentimos a dor dos outros, e com ela nos identificamos para purgar nossos erros não redimidos, nossas mágoas mal resolvidas.
Vale lembrar o papel sensacionalista e oco desta imprensa sensacionalista, pois, não produz construção de significado nenhum da ininterrupta “masturbação” do caso Isabella.
Todos nós sabemos que diariamente, neste cá nosso Brasil , mulheres são espancadas, crianças estupradas por seus pais e padrastos, outros esmolando dinheiro nas esquinas e nada se faz. Já nos acostumamos com a violência, ela já nos é habitual. A dor e a convivência com esta tornou-se status quo em nossa sociedade.
Há um livro maravilhoso, creio que você o conhece, de Susan Sontag, intitulado: “Diante da dor dos outros” em que ela explicita a respeito da dor midiatizada, explorada e tornada coisa, objeto sensacionalista. A dor não é vivida mais. Ela é moeda de troca sensacionalista, os pais não choram a morte de seus filhos, não se enlutam. As coisas só passam a existir se a mídia as exibe. Nós, seres humanos, nos tornamos ocos, frios, máquinas insensíveis.
Onde foi parar o toque. O choro, a revolta???
A dor foi substituída pelo simulacro, pelo espetáculo. O “Big Brother” que se tornou o caso Isabella, com perspectivas remontadas do interior do apartamento, etc, revela que não mais distinguimos a realidade da ficção. Não me espantaria se
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